Sunday, December 23, 2007

Porque o Reggae quando bate você nunca sente dor...

Quem me conhece sabe que entre dezembro e janeiro eu sempre tiro alguns dias de férias de tudo. Compromissos profissionais, academicos e maternais. São dias que tiro só pra curtir as coisas que gosto e, certamente, descobrir coisas novas que não fazem parte do meu cotidiano.
Morando fora da ilha, foi nela que decidi passar esses dias nesse verão, posto que quando mesmo morava aqui já costumava afirmar que Floripa só é bom mesmo pra passar férias.
Sendo assim, ontem saí para uma balada um pouco diferente das habituais. Fui curtir Reggae.Não que eu não goste de do estilo, mas meu conhecimento e hábito de ouvir não sai muito do senso comum dos hits de Bob Marley e Peter Tosh, e algumas outras coisas que ouço graças a minha amiga Mariana Abreu, que é reggaeira de carterinha.
Acontece que ontem acabei descobrindo um lado sensacional do reggae que ainda não conhecia. Como disse, meu conhecimento não passa do senso comum e não realmente não tinha idéia do imenso leque de coisas interessantes que têm sido produzidas no estilo. E me interessei. É claro que por enquanto não vai dar pra falar mais longamente sobre o assunto ou citar qualquer obra, pois vou ter que ouvir com mais calma, buscar algumas coisas. Mas de antemão vou ter que agradecer ao meu amigo "DJ James Bongo" pela "aula" de ontem.
Por enquanto, deixo esse video que sempre achei sensacional, tanto pela música que é maravilhosa, qaunto pela participação de Mick Jagger ( de quem sou assumidamente fã) no melhor estilo to-na-jamaica-to-doido-mesmo).
O título do post fica a cargo do feliz comentário do meu grande amigo Caio Cezar, que em nosso último encontro numa tarde ensolarada na Lagoa, ao falar do estilo, lembrou da frase da Banda Cidade Negra, com a qual tocou na época do Stonkas Y Congas, ainda quando o vocal do Cidade Negra ficava por conta de Ras Bernardo.

Tuesday, December 18, 2007

Shut Hell Up Jackie Boy! You're Dead!

Adoro Frank Miller, adoro esse filme.
Sin City, para mim, marca uma nova linguagem adotada pelo cinema, que nada tem do cinema tradicional. Ela carrega toda a força, todo o apelo visual dos quadrinhos, mas não tranforma-os naquele velho cinema de sempre.
Particularmente não prefiro nem um nem outro. Acho que não são comparáveis entre si, não se o critério de avaliação for " melhor ou pior que". São comparáveis em termos de tipo de linguagem utilizada, aproveitamento e adaptação ( ou não) de um roteiro que é, não só uma história conhecida, mas também, uma história visualmente conhecida por muitos. Enfim, há muito o que se discutir sobre isso.
Há quem ame e há quem odeie. E isso é sempre um fator interessante para se prestar atenção.

Essa cena em particular eu acho simplesmente genial. O diálogo psicótico entre o morto e o sujeito em situação bem difícil. E sobre o que eles falam? Fumar ou não fumar...eis a questão..Como diz Jackie Boy, "um fumante é sempre um fumante quando suas bolas estão em jogo. E suas bolas estão em jogo!" ( ou algo do gênero..hehehe)

Sunday, December 16, 2007

Da Estagnação

Numa dessas minhas crises de estagnação, de completa dificuldade de articular os pensamentos e tranformá-los em textos minimamente coerentes e interessantes, numa dessas minhas angústias particulares que me têm sido tão frequentes nos últimos anos, tive um momento em particular que merece ser aqui citado.

Talvez isso explique, em partes, porque eu desapareço de vez em quando. Não que eu realmente acredite que explicações nesses casos sejam necessárias, ou que venham a convencer alguém de fato. Para mim isso já está além do alcance, já virou metafísica. Mas esse momento, essa explicação em especial, só merece atenção porque traz à tona a minha forte relação com Fernando Pessoa, que é algo que faz tão parte de mim como meus cabelos ou meus cravos no nariz. Existe, é fato e não tem jeito.

Nesse dia que descrevo em particular, depois de uma noite não muito bem dormida devidoa fatores externos como a falta de cobertor ( que é uma das poucas coisas capazes de impedir-me de cair em sono porfundo), acordei com a alma em desassossego total. Por sorte, olho trinado ou inspiração, o primeiro título entre os tantos livros que estavam à minha volta naquele momento a me chamar a atenção foi justamente o Livro do Dessossego, de Bernardo Campos ( o guardador de livros) - outro heterônimo do Pessoa.

Uma página havia sido marcada, não por mim, e também não tenho idéia de quem seja, mas chego a desconfiar que, dormindo ao meu lado, ou observando-me ao sono, fora o próprio Pessoa que o fizera, visto que o conteúdo parecia sair de dentro de mim e não o contrário, que é o comum ao lermos algo novo. Segue o trecho, para o deleite de todos:


[126]
Tenho grandes estagnações. Não é que, como toda a gente, esteja dias sobre dias para responder num postal à carta urgente que me escreveram. Não é que, como ninguém, adie indefinidamente o fácil que me é útil, ou o útil que me é agradável. Há mais sutileza na minha desinteligência comigo. Estagno na mesma alma. Dá-se em mim uma suspensão da vontade, da emoção, do pensamento, e esta suspensão dura magnos dias; só a vida vegetativa da alma – a palavra, o gesto, o hábito – me exprimem eu para os outros, e, através deles, para mim.
Nesses períodos da sombra, sou incapaz de pensar, de sentir, de querer. Não sei escrever mais que algarismos, ou riscos. Não sinto, e a morte de quem amasse far-me-ia a impressão de ter sido realizada numa língua estrangeira. Não posso; é como se dormisse e os meus gestos, as minhas palavras, os meus atos certos, não fossem mais que uma respiração periférica, instinto rítmico de um organismo qualquer.
Assim se passam dias sobre dias, nem sei dizer quanto da minha vida, se somasse, se não haveria passado assim. Às vezes ocorre-me que, quando dispo esta paragem de mim, talvez não esteja na nudez que suponho, e haja ainda vestes impalpáveis a cobrir a eterna ausência da minha alma verdadeira; ocorre-me que pensar, sentir, querer também podem ser estagnações, perante um mais íntimo pensar, um sentir mais meu, uma vontade perdida algures no labirinto do que realmente sou. Seja como for deixo que seja. E ao deus, ou aos deuses, que haja, largo da mão o que sou, conforme a sorte manda e o acaso faz, fiel a um compromisso esquecido.

Thursday, December 13, 2007

Abril Despedaçado

Um dos filmes mais belos que vi nos últimos tempos...Falaria longamente sobre ele, mas acho que isso não é necessário. Vou citar apenas uma fala, do personagem mais jovem da estória:

" Em terra de cego, quem tem um olho, todo mundo acha que é doido."

Silenciar

Verso tolo
Não passas de um grande inútil
Não conseguiste atingir o mínimo objetivo
Não comoveste a quem amo
Nem o conveceste a seguir-me

E além de tudo agora me julgas
Condena-me por não ter-te cantado à hora certa
Por ter-te calado em amarelas páginas
Dobradas e guardadas por meses e meses intermináveis
Enquanto confiava em belas canções
Que deveriam ter dito em claras palavras
Aquilo que teimavas em só dizer nas entrelinhas

Não discutirei mais
Não chorarei a ti minhas amarguras
Posto que é esta agora
A única função
Somente tua

Vamos seguir em silêncio portanto
Ao menos por enquanto
E assim poderemos
Quem sabe um dia entrar em acordo
Ou coisa que o valia.

O lugar dos versos

Sempre achei que os versos deveriam ficar colados sempre à cabeça. Quando muito, merecem ser arrancados da cabeça e pregados a uma folha de papel de um caderno usado, de uma velha agenda. Para ali serem esquecidos, adormecerem, empoeirarem-se.
Para quem sabe um dia relembrarem ao seu autor o dia que este o parira e o que sentira. Ou para instigares as dúvidas na cabeça de alguém, que depois de décadasa, ou séculos, o acorda e com ele se deleita.

Talvez todos o odeiem, e mais ainda ao seu autor que será chamado de estúpido. Talvez todos o amem, menos o seu autor, que o terá chamado de horrível.

Loucura? Bobagem? Exagero??Enfim, é para isso que servem os versos.